terça-feira, 30 de novembro de 2010

1935

Por esta data, há cerca de 75 anos atrás, falecera o poeta maior do séc. XX, quiçá de todos os tempos...
Aquele que uma só faceta não basta para o definir... Além do próprio Poeta, necessitou de mais 4 homens para se dar a conhecer, e custa-me a crer que, mesmo assim, se conheça um terço do que ele foi, na verdade...
Deixou-nos autênticas preciosidades, obras soberbas, poemas melancólicos, estrofes intemporais, enfim, toda uma vastíssima obra á qual não deve deixar ninguém indiferente.

Hoje decidi re-relembrar o Poeta-Mor da Poesia Portuguesa Contemporânea:



FERNANDO ANTÓNIO NOGUEIRA PESSOA



Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.


Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço.

"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus."



(Os meus sentimentos á Ofélia)

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