quinta-feira, 30 de dezembro de 2010


(Porque nem tudo tem de ter um nome,
porque nem tudo tem de ter uma explicação...)


Bom ano!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Lar insípido Lar...


O meu lar só me é agradável quando o sinto meu! Quando não o sinto meu, acho-o sujo, velho, desprezável e completamente desinteressante. São bastantes os dias que acordo e, no primeiro olhar sobre as coisas minhas circundantes, sinto uma raiva e revolta por nada estar como eu quero ou não estar onde quero... Hoje o meu Pai acordou assim. Mudou tudo o que havia para mudar; tudo o que já fora mudado vezes sem conta foi re-novamente mudado. Mas, ao contrário das outras, esta mudança foi bastante marcante. Esta mudança incluiu o meu recanto, sim a porta ao fundo do corredor á esquerda. Essa mesmo! As entranhas do meu recanto foram mexidas, remexidas e modificadas. Nada da minha arrumação está semelhante, nada da minha organização está de pé. Sinto-me perdido, sem saber onde encontrar alguma coisa, sem saber bem onde estou.

Não sinto este lar como meu!
Hoje este lar não me é agradável!



sábado, 18 de dezembro de 2010

Inverno á porta...


Hoje acordei com o sol a bater-me na janela, a manhã fria, o ar rico em pureza e as nuvens... nem vê-las. A rua simplesmente sem confusão, a estrada seca e os passeios ainda com restos de folhas queimadas do Outono. O vidro da minha janela estava embaciado e o meu quarto quente como poucas vezes está.

Acordei bem. Não tive um mau acordar. Nem poderia ter. Afinal, estou de férias!


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Fresta


Embora cheio de imperfeições, Portugal é um Mundo. Um Mundo incompleto, mas Mundo!
Temos serras paradas, vidas cheias de nadas, castelos e algumas estradas... Temos caminhos,temos jardins, temos canteiros, temos pátria e tectos e regras e tratados e filósofos e sábios... E loucos! E Mães...
Temos tudo.Tudo á excepção do essencial. O essencial a uma nação.

Temos Alguéns desconsolados, sós,... Alguéns que pelo querer do Fado ou por mãos próprias, traçaram o próprio caminho...
O caminho correcto? Tenho ideia de não o ser, mas, afinal, não sou eu ninguém para o julgar... Apenas opino, por ser livre, que a solidão, em alguns momentos e ocasiões, é... dolorosa! A falta de triângulos e de círculos ou a própria estadia neles sem a sua pertença é estranhamente angustiante.
Temos humanos, temos animais, temos Macacos... sonhadores. E pensativos. E que escrevem. E que imaginam...
Macacos outrora diferentes.
Que outrora me alegravam e me faziam mais EU!
Bons Macacos?
Quem sabe...
Talvez.
Mas por agora continuamos a ter Macacos disfarçados. Disfarçando talvez o coração, ou talvez não disfarçando nada.

Por agora fico-me.
Mas não antes de deixar algo.
Não meu.
Apenas algo:

"Mas há mais alguma coisa... Nessas horas lentas e vazias, sobe-me da alma à mente uma tristeza de todo o ser, a amargura de tudo ser ao mesmo tempo uma sensação minha e uma coisa externa, que não está em meu poder alterar. Ah, quantas vezes os meus próprios sonhos se me erguem em coisas, não para me substituírem a realidade, mas para se me confessarem seus pares em eu os não querer, em me surgirem de fora, como o eléctrico que dá a volta na curva extrema da rua, ou a voz do apregoador nocturno, de não sei que coisa, que se destaca, toada árabe, como um repuxo súbito, da monotonia do entardecer!"

Bernardo Soares, Livro do Desassossego