terça-feira, 31 de maio de 2011

Fraquejar.



quando entrei os meus olhos percorreram toda a gente que estava lá no meio. comecei a entrar no sítio e a aperceber-me que havia ainda mais gente. subi escadas e calquei panos e almofadas e, ainda antes de sentar o rabo, cumprimentei e olhei bem nos olhos e pisquei-os, em simultâneo, como sinal de força, e então sentei-me. observei melhor o meio. deu-me vontade de rir, mas não o fiz. estava feliz e contente. depois de estarmos como a noite é, mas cobertos, com telhado, ouvi vozes e passos. vozes e passos alternados sequencialmente. e observei muitas coisas. os meus olhos pingaram, à medida que ouvia o diálogo, a essência de todo aquele paleio. a força como o era dito era tão intensa e estrondosa que me fez fraquejar. se estivesse de pé, as minhas pernas teriam tremido. sorria ao mesmo tempo e apercebia-me do que sabia e conhecia do diálogo. mas estava tudo tão diferente do que eu tinha imaginado. estava tudo tão... bonito! que fascínio.


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Física Moderna - Teoria da Relatividade



O tempo... O que és tu, ó tempo?
Eu não te vejo, mas tu estás a passar. Eu sei que sim! Não és uma grandeza palpável, nem visível, mas meço-te. Qual a tua velocidade? Será a velocidade da luz? Então mas tu, tempo, tens velocidade? Como é isso possível? Não é a velocidade que é o deslocamento percorrido num certo intervalo de tempo? Mas também, ó tempo, tu não estás estático, ai isso é que não estás! Não sei o que és, mas estou a sentir a tua falta!

Ó tempo, dilata-te!

quinta-feira, 19 de maio de 2011



Nem sempre a justiça se faz!





terça-feira, 10 de maio de 2011

BENETTON

Lembram-se destas conhecidas fotografias da Benetton em que as mensagens "Todos diferentes, todos iguais", "Não à discriminação", "Vamos acabar com a pobreza" (entre outras) estavam sempre incluídas ou subentendidas?






Pois bem, à uns dias fui confrontado com uma imagem que, segundo consegui apurar, é mesmo da Benetton, mas que, desculpem a minha ignorância, não consigo encontrar a mensagem subentendida, tendo como base, todas as outras fotografias...



Alguém me pode ajudar?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

marisas há muitas, seu palerma...

Os olhos dela brilham. São inchados e sempre pintados friamente. Os anos estão-lhe bem marcados na cara. As rugas vincadas contornam-lhe a face em coadjuvância com o negrume capilar que lhe cobre a cabeça. Lisos, escorridos, encaracolados, ondulados... no chão... há de tudo. As suas mãos impressionam-me. 'Arterosiadas'. Nós enormes e palmas encarquilhadas, semelhantes a colheres de sopa que se tentam esticar mas os ossos não deixam, e as peles que as compõem são flácidas e brilhantes, cheias de fendas entre este e aquele pedaço liso, dignas de uns largos anos de experiência. Cruza-as muitas vezes de uma maneira esquisita, atrás das costas. A voz, também rugosa, que possui assemelha-se a uma tuba. Está gasta de tanto paleio.
Mas... não passa de mais uma marisa, como outras...

domingo, 1 de maio de 2011

A arte de ser feliz


Houve um tempo em que a minha janela
se abria sobre uma cidade que parecia
ser feita de giz. Perto da janela havia um
pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra
esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre
com um balde e, em silêncio, ia atirando
com a mão umas gotas de água sobre
as plantas. Não era uma rega: era uma
espécie de aspersão ritual, para que o
jardim não morresse. E eu olhava para
as plantas, para o homem, para as gotas
de água que caíam dos seus dedos
magros e o meu coração ficava
completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o
jasmineiro em flor. Outras vezes
encontro nuvens espessas. Avisto
crianças que vão para a escola. Pardais
que pulam pelo muro. Gatos que abrem
e fecham os olhos, sonhando com
pardais. Borboletas brancas, duas a
duas, como que reflectidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem
personagens de Lope de Vega. Às
vezes um galo canta. Às vezes um
avião passa. Tudo está certo, no seu
lugar, cumprindo o seu destino. E eu
sinto-me completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas
felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas
não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a
olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles