segunda-feira, 19 de abril de 2010

João, Jacob, Peter e Yosephe...


Hoje revoltei-me!! Hoje revoltei-me mesmo. Como nunca o tinha feito anteriormente. Hoje tomei consciência de que há um mês para esta data, os meus dias não são iguais. São PIORES!!! Muito piores. São dias frios, negros, escanzelados, ricos em amargura e tristeza, em raiva e "solidão". Dias em que me sinto amarrado com uma corda de nylon, que me corta o corpo em tiras tortas. Sinto os meus membros a desfazerem-se. Um por um, simultâneamente, vão-se dividindo em bocados de carne podre, que para mais nenhum fim servirão. As minhas mão... não existem. As minhas mão já não existem! Usaram-nas para alimentar porcos. Os meus dedos gritavam loucamente e imploravam misericórdia. As minhas pernas não passam de meros meios ossos que além de me massacrarem com as tremendas e horripilantes dores, já para nada servem! A minha boca não se abre. Há 30 longos dias que está fechada. Cosida. Os meus lábios desapareceram quase por completo, apenas restam uns escassos fiozinhos que seguram a linha que mos cose. Eu tento falar, mas não me deixam! Eu imploro para que falem para mim, mas ninguém me dá ouvidos! Sou repetidamente ignorado.

Há cerca de um mês eu podia falar. E eu falava. Há cerca de um mês eu podia opinar. E eu opinava. Há cerca de um mês eu e muitos éramos felizes. "Hoje" sentimo-nos impotentes e inúteis!!


Hoje não falo, não opino, não comento, não discuto! Apenas me conformo...

DEIXEM-ME, LARGUEM-ME, PORRA, DEIXEM-ME FALAR. PRECISO DE FALAR. TIREM-ME AS MÃOS DOS OUVIDOS. PRECISO DE OUVIR. DEIXEM-ME. ESTOU FARTO DISTO! DESENTERREM OS VOSSOS DEDOS DOS MEUS OLHOS! QUERO SER NORMAL, SEM QUERER SER IGUAL A VOCÊS! DEIXEM-ME. NÃO TENTEM ILUDIR-ME COM CONVERSINHAS DE CHACHA. CALEM-SE! PAREM! PAREM! PAREM!





Sinto falta dos meus antigos dias. E quero-os de volta. Algo desapareceu. Algo terminou o seu percurso, algo se chateou e decidiu acabar com os meus antigos dias. Dias em que os fins de tarde eram passados a ler, a deslumbrar relíquias de alguém que, por uma uma simples razão (será ela simples??), acabou com os meus antigos dias. Os meus e os de muitos.

Que coisa...! Será que, assim, os problemas se resolveram..? Será que este silêncio ajudou e ajuda em alguma coisa? 


Por favor volta á rotina.





Será pedir muito? 
Tanto talento escondido, para quê?


5 comentários:

  1. Hão de voltar! Não a razão para não.. também não houve razão para que acabassem.
    Pensa que 'não passa nada'
    Beijinhos, até amanhã

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  2. João, Jacob, Peter, Yosephe.20 de abril de 2010 às 22:47

    A tua revolta comove-nos, estamos, sinceramente, emocionados com ela... Um gesto bonito, embora, e pedimos desculpa por isso, INÚTIL!
    Adorámos como descreves esses 30 dias, as metáforas que usas, a realidade que expões, os hábitos que contas, os momentos que partilhas, as razões e os motivos pelos quais lutas. No entanto, por mais que queiramos os teus antigos dias de volta, o que queremos e todos os dias que passaram pensámos neles, não nos esquecemos que para voltarmos temos de perder a nossa dignidade, destruir a nossa palavra... e isso é pedir-nos muito.
    O Silêncio não ajudou nem ajuda, porém assim não os temos de confrontar, não temos de os observar, tentar muda-los e ver que todos os nossos esforços são em vão, tal como este...

    Desculpa Meu Bom Amigo.
    Desisti daquilo que me incentivaste a lutar...
    Desisti de tentar mudar...
    Desisti de quase tudo o que me rodeia...
    Menos daquilo que sei que não desistiu de mim.
    (está revolta fica gravada, será sempre recordada junto dos bons velhos tempos, junto dos teus antigos dias.)

    Grande Abraço
    João
    Jacob
    Peter
    Yosephe

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  3. Sinto-me idêntico a ti. Quero soltar tudo o que penso, quero que me ouçam, quero ouvir o que têm para me dizer, quero que falem para mim, mais do que simples banalidades, quero revoltar-me.

    Quero, novamente, voltar a libertar-me do comum pensamento, que destrói o cérebro de algum, como quem diz, ser suspeito enquanto pensante.

    E perdi esses dias, antigos dias, caro Valentim, de discussão acesa sobre como mudarmos o imóvel lixo da sociedade. Tal como tu, sofri um perda, por motivos ocultos. Não compreendo, mas respeito, com uma gota de desprezo, por me roubar parte do que não consigo ser sozinho.

    E finalmente desisto, porque sinto-me forçado, também, a ser iGnóbil, infelizmente. Que me perdoem. Nunca quis ser escumalha.

    E peço desculpa pela extensão e obrigado pelo desabafo.

    Despeço-me triste e de cabeça baixa de ti também, colega desconhecido. Espero um dia voltar a encontrar razão para voltar a ter espírito crítico. Até lá, boa noite, espírito revolucionário, dorme bem.

    Abraço,
    Júlio Amebeu.

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  4. AInda bem que ainda há judeus por ai...

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  5. Senhor Valentim, estou deveras impressionado com o seu acto! Este seu estratagema para me trazer de volta a este mundo e ao seu blog, dar continuidade ao que comecei. Criar uma longa conversa sobre actualidade, temas badalados, palavras sem sentido, pensamentos perdidos, razões partilhadas, motivos ocultos, sei lá...
    No entanto, não vai ser para hoje. Só cá vim deixar uma dica... uma pista, vá.

    Abraço
    Peter Muffin

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