Paredes gélidas, gastas e já com alguns buracos. O chão com marcas de muitos anos de sabedoria, estudo, vivências e experiência. Os degraus das majestosas escadarias gastos, só na ponta, sinal de perseverança e da luta pelo ensino, por um futuro. Corredores largos e altos cheios de conversas passageiras, e de comentários que perpetuam nos seus ouvidos. Janelas velhas, podres, esburacadas e vidros frágeis estalados e re-mal-colados. Salas... O chão de madeira velha, já macia, sem arestas nem farpas, barulhenta e a chiar. Dois degraus - era esta a distância entre nós e aquele que nos formava. Cadeiras riscadas? Não! Cadeiras com memórias... Cadeiras cheias de história, cheias de " quero-me ir embora daqui!" e de "Amo-te, és a miúda da minha vida!!!!". Mensagens de há muito, algumas delas já com décadas... Debaixo das mesas, os infalíveis "apêndices elásticos". Vermelhos, Verdes, Azuis, mal mastigados, triturados,... de tudo um pouco. Os quadros de placas de ardósia áspera; Mesmo muito áspera, como os paralelos da avenida, e o giz, que em contacto com o negrum do quadro, produzia um som único... As casas de banhos, quer dizer, a casa de banho masculina e as duas casas de banho femininas, sempre com uma luz natural, sempre sem luz artificial, com portas de vidro na entrada e portas feias no interior. Um jardim interior com a sua beleza natural, com os seus locais tipicamente ocupados, ora por grupos nas tardes de verão a apanhar sol, ora por duetos tentando matar saudades do dia anterior. Um jardim exterior. Um quarteirão inteiro de jardim. Espécies raras, alcatrão solto e esburacado, uma árvore centenária, um "campo" sem limites, um poli-desportivo á chuva e ao sol, ao calor e ao frio. Seis metros quadrados de areia cheia de ervas a florescerem. Outro campo sem limites. Duas salas oficinais de canto, que delimitavam, na parte frontal, o quarteirão por nós ocupado. Bancos de Madeira. Bancos velhos de madeira com musgo, de ferro enferrujado e parafusos soltos. Bancos sujos, bancos molhados, bancos secos, bancos pretos...
Não eram bancos! Eram propósitos. Eram rotinas e desejos. Eram momentos passados a três, a, simplesmente, observar o que nos rodeava, a falar sobre o acaso, a relaxar depois desta e antes daquela aula. Momentos em que a união fez a força. Momentos para recordar com alegria e emoção! Momentos que nunca esquecerei. Foram mesmo inesquecíveis e difíceis de descrever. Espero que também achem o mesmo...
Foram os bancos que nos juntaram?
Foram eles que nos uniram e que nos agarraram?
Não. Mas ajudaram muito!
E agora? Disto tudo, o que restou... ?
As paredes?
Não.
Os degraus gastos?
Não.
As Cadeiras com memórias?
Não.
As mesas com os apêndices elásticos?
Não.
...
Os Bancos...?
NÃO.
Nossa! Como eu concordo... Obrigado por fazer o favor de me trazer à memória, e de uma maneira bem eficaz, diga-se já, essas imagens de um edifício com tanto para lembrar...
ResponderEliminarSão as vidas, são as vidas...
unf
E já agora: Adele, só hoje prestei atenção à Senhora, parece uma rica senhora!
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