quinta-feira, 7 de abril de 2011

A íris da palavra



O meu olhar foi fixo. Tentei aproveitar ao máximo olhar para aquele rosto esbranquiçado que me defrontava na primeira fila e, sem esboçar qualquer sorriso ou sentimento, falava para todos em geral. Tentava explicar o que estava escrito em algumas revistas, jornais e livros... Gesticulava, manobrava, era manobrado. Fiz por impor as minhas ideias e por partilhar as minhas vivências - boas e más - a todos os que se comprometeram a ouvir a minha voz, a voz feminina da vida e também uma mais máscula que a minha.
Quando senti o espaço só meu, aproveitei-o da melhor maneira que me lembrei. As suas paredes, o seu chão irregular. A minha voz riu-se logo a seguir a um berro de agonia extrema. Questionei, sem nexo, os demais. Eles repudiaram-me. Eu gostei! Depois veio o riso. Veio a memória por factos que cada um enquadrava na sua experiência de vida. Nas suas memórias. Vi olhos a brilhar. Uns de saudade, outros de mágoa. Também assisti a vários remorsos. Soube bem. Soube mesmo muito bem. Senti-me cumpridor do dever que me foi posto! FUI FELIZ!

3 comentários:

  1. Foi muito bom. Há talentos comunicativos que nascem com as pessoas, e é certeiro, seja em que circunstâncias seja. O que não te faltará na vida são mais palcos, porque quando se ama o palco, não se pode olhar para trás.
    Continua com esse amor ao palco, que te faz ficar nervoso, ou sentido, que se liga à personagem, que faz os olhos brilhar, terem vontade de rir ou de chorar, porque quando a luz se liga na tua cara, e tens o público expectante, inevitavelmente deixas-te o Valentim para trás, e és outros, mesmo que até se possam chamar Valentim, mas outros. O palco é fantástico, e mais uma vez estiveste muito bem!

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  2. Todos nós somos melhores em algo, o teu talento, o teu espectacular e inebriante talento é a representação!
    Aproveita-o... desfruta-o...
    Sê feliz como foste nesse palco, todos os dias da tua vida, porque ajuda, facilita tudo.

    abraço

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  3. Foi espectacular, Valentim :)

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